Num trilho de mil rectas, de mil curvas, consigo seguir caminhos divergentes e voltar ao mesmo destino

Estou sentada, embalada por uma leve melodia, á noite, e sinto-me tão perto do estado puro, que quase que consigo sentir-me “hipnotizada”.
Apurei tantos momentos, segui tantos caminhos, vivi tantas existências diferentes, que não consigo verbalizar tais ensejos.
Num trilho de mil rectas, de mil curvas, consigo seguir caminhos divergentes e voltar ao mesmo destino…
Preciso de percorrer um caminho que percorri tão depressa ou tão devagar, um caminho que me estava tão distante ou tão próximo, que já o tinha cursado e não o avistei.
O meu corpo e a minha alma, antes desviados, precisam de se unir tão intimamente, como se necessitassem disso para (sobre) viver.
É noite, está tudo tão calmo e a melodia é tão suave… vou deixar-me levar e sentir este momento. Já apurei tantos outros, já segui tantos caminhos, já vivi tantas existências diferentes, que agora, quero mais uma, mais um momento, mais um caminho, por isso, vou deixar-me levar por este estado tão puro.

Carta


Hoje escrevi-te uma carta (com Sebastião Antunes).mp3 - luaCustica


Eu não sabia que palavras ficariam bem naquele papel, com aquele cheiro característico e totalmente branco, sem nada escrito, aceitando qualquer palavra que eu quisesse escrever sobre ele, não rejeitando qualquer tipo de sentimento ou de emoção que surgisse sobre mim, esquecendo-me completamente, que aquele papel, mudo e surdo, apenas tinha tacto, e que apenas sentiria a profundidade (ou não) de cada palavra que eu, levemente desenhasse sobre ele...
Por falta de inspiração, de sentimento profundo, ou simplesmente, pelo facto de na altura, não conseguir desenhar as palavras mais sentidas, escrevi a carta na minha mente, e com a maior profundidade que me foi possível, na altura, "fechei-a num envelope e guardei-a no coraçao"...

Esta noite, venho falar de Amor

Esta noite venho falar de Amor sem falar, sem escrever qualquer palavra...
(Fechem os olhos e sintam a simplicidade e inocência deste amor onde parece, que um dia, o amante fomos nós... )


Balada do Desajeitado - 10. Quadrilha

Aquele corpo, que eu já não conheço de cor



Já não conheço de cor aquele corpo.
Sei exactamente a cor da sua pele, sei exactamente o aroma do seu cheiro, sei exactamente os caminhos das suas linhas, conheço exactamente o seu toque, mas já não o conheço de cor.
Sei exactamente o que sentiu o meu corpo, que conheço de cor, quando conheceu o outro, sei exactamente a cor da minha pele, sei exactamente o aroma do meu cheiro, sei exactamente os caminhos das minhas linhas, não conheço exactamente o meu toque, mas conheço o meu corpo de cor.
Sei de cor o que esses corpos sentiam quando se encontravam, descobrindo-se um ao outro, conhecendo-se de cor, sentindo cada movimento tão pormenorizadamente, que esses mesmos corpos, inevitavelmente, se tornavam num só.
Lembro-me de olhar no espelho e observar atentamente, a junção dos dois, de dois corpos que se conhecem de cor.
Já não conheço aquele corpo mas conheço o meu corpo de cor.
Já não conheço aquele corpo, porque não o vejo, porque não o amo, mas conheço o meu corpo de cor, porque não preciso daquele corpo para o conhecer.

Ovo ou galinha? - Eis a questão


Antes de mais, espero que este domingo de Páscoa esteja a ser repleto de coisas boas para todos vós.

Neste dia, que o que não faltam são ovos, estava eu a comer um belo ovo cozido, vindo directamente de um folar da Páscoa, quando o meu avô, depois de ter recusado uma dentadinha no dito ovo, me lançou uma questão bastante pertinente:
- "O que é que surgiu primeiro, o ovo ou a galinha?"
Ora, depois desta pergunta que me já tinha sido feita uns anos antes, eu ainda fiz aquele ar de pensadora e cheguei à mesma conclusão de sempre:
- "Não sei"



Tempo - (A dor para a cura) | (A dor procura) - Tempo

O tempo está presente nas nossas vidas a cada segundo que passa, a cada milésimo de segundo, em cada bafo de respiração, em cada pensamento, em cada suspiro... é omnipresente.
Esse mesmo tempo que tem dois lados, o lado mau, o lado bom, a dor e a cura.
Todo o nosso ciclo, depende do tempo... Hoje estou uma jovem mulher, tenho tempo...
Daqui a um tempo, serei uma mulher adulta, tenho tempo.... Daí a mais um tempo serei uma mulher idosa, tenho tempo... mas não, todo o tempo do mundo!
É o tempo que é decisivo para podermos avançar para o ciclo seguinte da nossa construção, é o tempo que delimita as fronteiras do nosso ser, é o tempo que cura as dores (se não curar, alivia), de qualquer forma, é sempre o tempo!
Tivemos um desgosto? Precisamos de tempo para o ultrapassar... no entanto temos que passar por essa dor, para que o tempo chegue quando tem quer chegar e para que esse mesmo tempo aconteça na nossa vida de forma real (não podemos ter um desgosto hoje e estarmos muito bem amanhã, para isso, precisamos de tempo).
Os velhinhos relembram os velhos tempos, a idade jovem pela qual já passaram e foram tantos os acontecimentos que viveram, os tempos que contaram.... podem sofrer de vez em quando, porque a saudade também dói, mas é o tempo... é o tempo que foi, não volta mais...
Estamos noutros tempos agora.
O tempo? É a dor para a cura e a dor procura o tempo, para que com o tempo, possa ficar como estava noutros tempos, para que possa ficar bem.

Metade da Laranja ou Uma Pessoa Comum do Mundo dos Mortais?


Ultimamente tenho-me deparado várias vezes com a expressão bastante utilizada para definir a nossa alma-gémea, a nossa cara-metade, a nossa meia-pessoa, o nosso complemento, designado por ser "a nossa metade da laranja". Que espécie me faz tudo isto... As pessoas andam à procura do quê afinal? Da metade uma laranja ou de uma pessoa que as faça feliz e que as faça sentir-se completas? Que tipo de pessoa deve ser a "metade da laranja"? Perfeita, concerteza! Toda a gente procura o mesmo e passa a vida a questionar-se se aquela pessoa será realmente a nossa "metade da laranja" ... Com tanto ácido cítrico, começo a ficar com demasiada vitamina C. Será que isso não se sente? Eu já amei muito na vida (muito, não muitas pessoas) e quando estava com a pessoa amada, não havia qualquer dúvida de que era a minha "metade da laranja" porque eu a amava mais que tudo, porque a pessoa me fazia feliz, porque me sentia realizada e aquela pessoa era a pessoa ideal que me podia fazer feliz, não só naquele momento, mas sim para o resto da vida, obviamente claro, se as coisas continuassem do modo que eram, com algumas mudanças, é certo, mas que o essencial da relação continuasse sempre intacto. Essa pessoa era a minha "metade da laranja" e era uma pessoa "comum" do mundo dos mortais, era real ... Tudo isto para dizer o que? Que muitas vezes me parece que as pessoas andam á procura de algo que não existe, e passam a vida a dizer que andam á procura da "metade da laranja" e afinal quantas "metades da laranja" é que já passaram por elas e elas sem sentir aquele cheirinho a citrinos. Eu acredito, obviamente, que há uma pessoa para cada um de nós.. e digo uma pela seguinte razão: Ao longo da vida, podemos ter vários namorados(as), mas a pessoa com quem passamos o resto da vida, é a tal (uma) pessoa que nos estava destinada (para quem acredita) ou a pessoa por quem procuravamos... A nossa "metade da laranja" é aquela pessoa que faz com que não tenhamos quaisquer dúvidas sobre o sentimento que nutrimos por elas.. Ao contrário do usual "Será que aquela pessoa é a minha "metade da laranja" ? A resposta é certamente: não! Quando uma pessoa está com outra e sente isso é porque não se sente completa, realizada e falta qualquer coisa... A nossa "metade da laranja " surge quando não sentimos falta de nada, temos aquela pessoa? Então temos tudo!

Histórias de Vida

Este anúncio está lindo, simboliza a vida de uma maneira espectacular e muito especial.
O Ser Humano mais idoso com o Ser Humano mais jovem, um recém-nascido, que têm em comum, o que de mais valioso temos: a vida!


Realidades


Antes Da Escuridão - Mafalda Veiga





Há essencialmente duas preocupações que tenho relativamente à sociedade e que mexem imenso comigo. Não é falando apenas em duas que estou a menosprezar todas as outras causas que são inevitavelmente preocupações, mas estas duas tocam-me particularmente, mexem comigo, fazem-me pensar e conseguem deixar-me muito sensível porque, de um modo ou de outro, directa ou indirectamente, já tive contacto com elas.
Os sem-abrigo e os animais abandonados (penso sempre mais nos cães, apesar de ter a consciência que de não são os únicos)...
Gostava de fazer voluntariado para de alguma forma, contribuir para ajudar as pessoas e os animais nessas situações, mas não obtive resposta e se calhar, ainda bem, não sei se estou preparada para lidar com isso directamente, para vivenciar de forma mais profunda essas realidades.
No entanto, espero mesmo, na minha (ridícula) ingenuidade, que em ambas as situações, hajam mais pessoas que pensem nisso, que façam qualquer coisa, que sintam isso, e cada vez menos, existam aquelas que olham, que vêem, que ignoram e continuam com os seus pensamentos diários sobre tudo e mais alguma coisa, menos sobre aquilo, que é tão insignificante porque não são cães abandonados nem são sem-abrigo...
Para ambos, uma eterna lembrança e a promessa de que vou fazer sempre o que me for possível, para contribuir nem que seja, por um sorriso e por um "abanar da cauda", em ambos, pela felicidade, por mais mínima que seja.

Mafalda Veiga - Antes da escuridão
São tantas batalhas, é tão funda a dor
São tantas imagens de abandono e desamor
Há gente caída no chão
Sem ninguém que os abrace
sem ninguém que os levasse
Antes da escuridão
(...)
São tantos os medos calados por dentro
Estilhaços de guerra sem luar nem vento
Cravados tão fundo no peito
Sem ninguém que os arranque
sem ninguém que estanque

O mal que foi feito


São tantos olhares de espanto vazios
E é tanto escuro e faz tanto frio
Há gente caída no chão
Sem ninguém que os abrace
sem ninguém que os levasse

Antes da escuridão





Cartas para Cláudia - Jorge Bucay


O livro tinha o meu nome, era alheio à minha existência mas parecia mesmo que era para mim...
Tive um sede enorme de bebe-lo como se não bebesse água à anos, não como se estivesse desidratada mas como se precisasse de o conhecer para crescer mais um bocadinho como pessoa.
Não era para mim, não me era dedicado, não sabia da minha existência, era apenas um livro, mas naquele momento ou o tinha, ou o perdia (não para sempre mas não sei por quanto tempo...) Preferi não arriscar, o livro precisava de mim para ter utilidade e eu precisava dele para me sentir útil comigo mesma.
Quando li: "Cláudia, fecho os olhos e vejo-te...."
Pensei: Já és meu!