Sem mais nada

Eu quero deixar passar em branco este acontecimento banal, que não interfere na minha vida.
Aliás, eu nem quero sequer falar disso..
Mas olhando para o meu interior (como fazia Blimunda), contrario uma vez a minha vontade e passo a descrever apenas pequenas partes do sucedido, a que podemos intitular de: sem mais nada...
Bastante tempo (certamente que anos) se passou e sem qualquer contacto anterior, sem qualquer intenção da minha parte, sem qualquer previsão minha, sem qualquer contexto, sem nada para dizer, apareceu-me essa pessoa, veio falar comigo, como se não se tivesse passado tanto tempo, como se eu tivesse intenção disso mesmo, como se eu quisesse e tivesse pedido para que acontecesse, como se ... fosse obra do destino?
Aparecer de surpresa.. não é a melhor forma.
Sorriu, como se eu também fosse sorrir pela mesma razão, como se houvesse mais algo para dizer, como se tivéssemos marcado encontro... como se tivéssemos algo pendente...
- Posso falar contigo?
Deveria ter sido: - sem mais nada... sem mais nada a dizer!

Não faz mal, como não foi planeado, ainda bem que foi assim!
1 Response
  1. Adão Says:

    Os encontros inesperados deixam-nos sempre desarmados nas emoções. Porque embora as coisas possivelmente já se encontrem resolvidas… nunca estão de facto. Há sempre um “post scriptum” a acrescentar, um asterisco qualquer que falhou na impressão ou uma nota num “post it” que desapareceu na altura. Por mais preparados que estejamos, nestes encontros imediatos, estamos sempre desprevenidos de discurso que nos incutam a vontade de ir mais longe e deixar as coisas arrumas de uma vez por todas. E sabes, esses episódios sem relevância de maior… deixam-nos mais marcas do que pensamos.